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I Saw Something of Us in Empty


terça-feira, 22 de junho de 2010

THE ISSUE # 1 - Sinatra

Impossível ficarmos indiferentes à pressão que a sociedade hoje em dia nos força a viver. Onde em tempos remotos a vontade era inata, hoje o sufoco do alcance da mesma é uma batalha diária sempre em contratempo. É recorrente fazermos um duelo entre a Geração dos nossos pais vs. Geração actual e os prós e contras são inúmeros, qual das duas a melhor?

A leviandade do estudo e de ter o “canudo” na mão é a mesma com que hoje os adolescentes escolhem a discoteca para onde vão sair ou o bairro típico onde vão beber e acabar de se estragarem nos Santos Populares. É então a pressão da sociedade de termos de ser licenciados mesmo que a nossa vocação e desejos não passem por sermos graduados num curso que nunca foi a “nossa cara”, mas nos enchemos de orgulho de podermos dizer aos nossos pais: “Pais o vosso filho já é Doutor”. Na verdade tudo isto até podia ser muito bonito se o retorno que a sociedade nos desse depois do esforço fosse alegre e cheio de belas oportunidades, quando a realidade não chega a ser sequer semelhante e todo o trabalho até então é inglório. O pontapé de saída para o mercado de trabalho de tantos adolescentes é uma frustração, onde tão novos são já desempregados mesmo sem nunca terem sido empregados, a ironia da situação é tão patética quanto a situação da nossa sociedade.


Os nossos pais e avós eram o que hoje é entendido como uma utopia, eram os sedentários do mundo de trabalho, muito provavelmente todos eles tiveram o mesmo trabalho toda a sua vida profissional e mesmo que isso pareça ser uma grande chatice e monotonia, na verdade é um dado que deixou de ser garantido pois, a geração dos anos 00 passou de sedentária para nómada, onde se sujeita a trabalhos mal pagos e talvez isso já seja um luxo.


Não é fácil um adolescente ter de gerir todos estes dramas diários de várias índoles, profissionais, amorosas, sociais, onde em cada esquina se esconde uma nova distracção e talvez por culpa da idade cada uma pareça mais entusiasmante do que a outra. Vivemos literalmente numa roda viva de emoções, achamos que podemos ter tudo e quase tudo é insaciável ao nosso querer.


Não podemos negar que nos estamos a tornar cruéis e muitas vezes frios, mas “se não os consegues vencer, junta-te a eles” e talvez a solução mais sensata é mesmo lutar e nos adaptarmos, encarar que toda a história é feita de rupturas epistemológicas e as culturas mudam, portanto não podemos desejar o que não temos.


Assim, a nova geração aprende a sobreviver mais do que a viver e se pensarmos bem, como Sinatra já tinha dito, “If I can make it here, I’ll make it anywhere”.

Texto: MSalvador

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