.

I Saw Something of Us in Empty


sexta-feira, 2 de julho de 2010

The Issue # 9 - Bravo! Vive la France! Vive Poulain!

Amélie Poulain – a meu ver a imagem de moda na sua forma mais subtil, mais real, mais tocante e avassaladora. O filme “Le fabuleux destin d'Amélie Poulain”, de 2001, é um filme francês de Jean-Pierre Jeunet que marca qualquer pessoa que o possa ver e que não pode ficar indiferente à personagem Amélie desempenhada por Audrey Tautou, uma rapariga que em nova o pai, Raphael Poulain ex médico militar, lhe diagnosticou uma anomalia no coração por bater rápido demais durante os exames médicos lhe realizados. É então proibida de ir à escola, sendo alfabetizada pela mãe, Amandine Fouet professora primária, e sempre tratada como uma criança especial. Na verdade Amélie era realmente uma criança especial mas não sofria de nenhuma anomalia no coração, era simplesmente a aproximação do pai que a deixava com o coração acelerado, pois qualquer criança queria a atenção do pai e as únicas vezes que este lhe tocara era quando a examinava e por isso mesmo o seu coração disparava quando tal sucedia. Foi privada de ter uma infância normal, habituada a conviver com a solidão e com a morte prematura da sua mãe, Amélie encontra um refúgio no mundo que ela própria inventou, onde o disco de vinil é feito como as panquecas, onde a vizinha há meses em coma simplesmente resolveu dormir de uma vez só todo o sono da sua vida podendo assim ficar acordada dia e noite para o resto da sua vida, etc. O ambiente familiar de Amélie nunca foi normal, uma envolvência tão sufocante que até o seu peixe e melhor amigo, se tornou neurasténico e por isso tentava várias vezes se suicidar saltando para fora do aquário.


Tantos factores não podiam deixar de influenciar o crescimento de Amélie e reflectir-se no desenvolvimento e relacionamento com as pessoas e o mundo ao seu redor depois de adulta.

Saída de casa do pai nos subúrbios vai viver para um bairro parisiense de Montmartre onde consegue um trabalho como empregada de mesa num café chamado Deux Moulins. A beleza do filme consiste totalmente na felicidade genuína e ingénua de Amélie quando no seu apartamento encontra uma caixinha com brinquedos e recordações de um antigo morador e reúne todos os esforços para o devolver duma forma anónima. A felicidade na cara de Dominique, o antigo morador do apartamento, reinventa a visão de Amélie face ao mundo onde vive e decide transformar a sua vida numa “jornada de felicidade” a fim de tornar mais feliz as vidas das pessoas que a rodeiam. Temos o privilégio de poder assistir a algo que todos nós procuramos: a existência de um significado para a nossa vida, um objectivo genuíno, humilde, sem segundas intenções onde nos podemos aperceber que talvez a felicidade não resida só em nós mas sim naqueles que todos os dias tentamos que sejam felizes mesmo que seja com o nosso menor gesto.

As pequenas “manias” e caprichos de Amélie, substituem-lhe o namorado que uma vez ou duas terá tentado ter, como coleccionar pedras da rua nos seus bolsos enquanto passeia e depois fazer ricochete com elas na água do canal de Saint Martin, com uma colher partir e ouvir o som do açúcar caramelizado estalar por cima do leite creme, olhar para trás no cinema e ver as caras das pessoas no escuro, ver os detalhes que mais ninguém vê, enfiar a mão nas sacas do grão e sentir a sua textura e que na minha perspectiva fazem da personagem Amélie uma figura inesquecível e inconfundivel do cinema e provavelmente o papel marcante de Audrey Tautou.


De qualquer maneira o romance não podia deixar de existir quando Amélie se apaixona por um homem à primeira vista e consegue mudar o seu fabuloso destino. A magia da simplicidade de uma vida, que por mais fantasiada que nos possa parecer, remete-nos para a vida real, sem luxos e sem as típicas acções que nos parecem somente possíveis dentro do grande e pequeno ecrã.


No meu ponto de vista a interpretação de Audrey Tautou, a inigualável visão de Jean-Pierre Jeunet, a fotografia de Bruno Delbonnel (que foi nomeada para um Óscar na categoria de melhor fotografia entre outras como: melhor filme estrangeiro, melhor direcção de arte, melhor som e melhor roteiro original), a dramática banda sonora de Yann Tiersen (http://www.youtube.com/watch?v=qBZPa-kLLCE), fazem de “Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain” um filme para ser visto de que maneira for, uma película que faz parte das obrigatórias para os amantes do cinema.


O guarda roupa está nas mãos de Madeline Fontaine, seguindo a mesma linha estética de todo o filme, que retrata na perfeição a personalidade de Mademoiselle Poulain, com tons neutros onde até as famosas cores do filme: encarnado e verde, nas roupas de Amélie estão esmorecidas, saias compridas e camisas com padrões constituem no geral os seus coordenados.


Falo de um filme icónico que me fez suster a respiração várias vezes, sentir o coração apertado, arrepios no corpo, a pele eriçar e que ainda hoje é falado e visto como uma “master-piece”, onde a série actual Pushing Daises, que pode ser vista na Warner Channel no Brasil e na Fox Life em Portugal, se baseia no seu enredo.


Fazendo referência ao narrador do filme: “On September 3rd 1973, at 6:28pm and 32 seconds, a bluebottle fly capable of 14,670 wing beats a minute landed on Rue St Vincent, Montmartre. At the same moment, on a restaurant terrace nearby, the wind magically made two glasses dance unseen on a tablecloth. Meanwhile, in a 5th-floor flat, 28 Avenue Trudaine, Paris 9, returning from his best friend's funeral, Eugène Colère erased his name from his address book. At the same moment, a sperm with one X chromosome, belonging to Raphaël Poulain, made a dash for an egg in his wife Amandine. Nine months later, Amélie Poulain was born.”



AMÉLIE POULAIN WAS BORN!














Texto: MSalvador

Sem comentários:

Enviar um comentário